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terça-feira, 12 de maio de 2009

Todo dia é dia das mães.

O Mundo não é Maternal (Martha Medeiros)

É bom ter mãe quando se é criança, e também é bom quando se é adulto.

Quando se é adolescente a gente pensa que viveria melhor sem ela, mas é um erro de cálculo. Mãe é bom em qualquer idade. Sem ela, ficamos órfãos de tudo, já que o mundo lá fora não é nem um pouco maternal conosco. O mundo não se importa se estamos desagasalhados e passando fome. Não liga se virarmos a noite na rua, não dá a mínima se estamos acompanhados por maus elementos. O mundo quer defender o seu, não o nosso.

O mundo quer que a gente fique horas no telefone, torrando dinheiro.

Quer que a gente case logo e compre um apartamento que vai nos deixar endividados por vinte anos. O mundo quer que a gente ande na moda, que a gente troque de carro, que a gente tenha boa aparência e estoure o cartão de crédito.

Mãe também quer que a gente tenha boa aparência, mas está mais preocupada com o nosso banho, com os nossos dentes e nossos ouvidos, com a nossa limpeza interna: não quer que a gente se drogue, que a gente fume, que a gente beba. O mundo nos olha superficialmente. Não consegue enxergar através. Não detecta nossa tristeza, nosso queixo que treme, nosso abatimento. O mundo quer que sejamos lindos, sarados e vitoriosos para enfeitar ele próprio, como se fôssemos objetos de decoração do planeta. O mundo não tira nossa febre, não penteia nosso cabelo, não oferece um pedaço de bolo feito em casa.

O mundo quer nosso voto, mas não quer atender nossas necessidades. O mundo, quando não concorda com a gente, nos pune, nos rotula, nos exclui. O mundo não tem doçura, não tem paciência, não pára para nos ouvir. O mundo pergunta quantos eletrodomésticos temos em casa e qual é o nosso grau de instrução, mas não sabe nada dos nossos medos de infância, das nossas notas no colégio, de como foi duro arranjar o primeiro emprego. Para o mundo, quem menos corre, voa. Quem não se comunica se trumbica. Quem com ferro fere, com ferro será ferido. O mundo não quer saber de indivíduos, e sim de slogans e estatísticas. Mãe é de outro mundo. É emocionalmente incorreta: exclusivista, parcial, metida, brigona, insistente, dramática, chega a ser até corruptível se oferecermos em troca alguma atenção. Sofre no lugar da gente, se preocupa com detalhes e tenta adivinhar todas as nossas vontades, enquanto que o mundo propriamente dito exige eficiência máxima, seleciona os mais bem-dotados e cobra caro pelo seu tempo.

Mãe é de graça!
"MÃE Mãe!
São três letras apenas
As desse nome bendito:
Três letrinhas nada mais...
E nelas cabe o infinito.
E palavra tão pequena-
Confessam mesmo os ateus-
É do tamanho do céu!
E apenas menor que Deus... "
Mário Quintana

5 comentários:

Não importa disse...

Aaaai, eu adoro a Martha Medeiros!

Daniel Savio disse...

E parabéns para a tua mãe, seja hoje e sempre...

Fique com Deus, menina Lili.
Um abraço.

Ricardo Kersting disse...

Belíssimo texto Lili. Gostei também da referência ao Mário Quintana. Conheci Quintana pessoalmente, ele era uma poesia ambulante. O mundo não quer que tenhamos consciência da nossa trajetória, ele quer que tenhamos 16 filhos e que sejam largados nele para se tornarem consumidores do materialismo que é pretensamente abundante. Tenho restrições com relação ao dia das mães. Ele foi criado pelos ingleses no século 18 apenas para vender tecidos. Mas isso não importa mais e já que ele existe, penso que a homenagem a quem nos deu à luz é imensamente válida. Não somente à ela, mas a todos que nos são caros.
Abraços Lili.

Unknown disse...

Te amo filhinha!!!!

Vc é doidaaaaaa, conseguiu, né?

Vivian San Juan disse...

Eu Amo os textos da Martha Medeiros!!!!!!!

Adorei seu blog!!! Vou aparecer aqui mais vezes!!!!

Um abraço,

Vivi